O conto "A mônada" (2011) está publicada no livro O Poeta que virou estante (Recife: Edições Bagaço, 2011, 53 p.). Preparo versão e-book desse livro. Logo teremos como acessá-lo nas plataformas de publicação digital.
A Mônada (fragmento)
" Aquela estante, uma mônada de enorme coração, toda ela um tórax. A mônada nada deixava sair, escapar, até porque carregava o mundo. Uma dobra do mundo, que Fábio leu e colecionou. Uma fina película que nada deixava entrar, incrustar-se ou obliterar, pelo menos, no compromisso que, fantasmagoricamente, carregava. Aquela coleção de livros, agora perdida, era uma promessa. Uma conversão por uma humanidade melhor, evoluída e conquistada pela religião da Ciência. (...)"
Também publiquei, em formato e-book, o livro O jeito de tecer uma tarde (ASIN:B01MYVDXYV). Trata-se de uma coletânea de contos curtos, gênero bastante expressivo nestes dias da nova linguagem digital. Publico, abaixo, o conto curto "O frade na parede" (2014).
O frade na parede (fragmento)
" Lucas quer esboçar o quadro. Ele desenha sobre dúzias de papéis o que serve para testar a inspiração. Um modelo vindo de fonte tão incomum e, por isso, inconfessável. Porém, depois de inúmeras tentativas, nenhum dos desenhos lembra de perto aquela figura. O frade na plenitude da luz, contrastando com a profusão de signos religiosos: confiança, retidão, devoção, entre outros atributos. Em pensar que aquilo não passava de uma borra, uma mancha de catarro espirrado por alguém, esfregado que foi na tentativa de limpar, deixado por dias na parede de cerâmica branca, sofrendo a modulagem do calor, do frio, do vento, dos germes e da evaporação. Tudo, até ficar assim. A ressecada figura de um frade na parede. (...)"
Também, ando escrevendo um conjunto de contos chamados "Contos do chão de casa". E ai vai uma palhinha:
" A casa onde nasceu, a memória mais antiga que possui, afogava os pés de mesas e cadeiras. Também, os pesados sofás da sala pareciam afundar um pouco e boiar como se feitos de silêncio. Nunca chegou a tocá-los. Não houve tempo para isso. Na casa da avó materna, fez apenas nascer e abrir os olhos. " (...)
E, por ai, vai a prosa.